sábado, abril 25, 2009

Retumbância ou silêncio?

"... e um grande e forte vento fendia os montes... , porém o Senhor não estava no vento; depois do vento, um terremoto, mas o Senhor não estava no terremoto; depois do terremoto, um fogo, mas o Senhor não estava no fogo; e, depois do fogo, um cicio tranqüilo e suave. ... Eis que lhe veio uma voz e lhe disse: Que fazes aqui, Elias?" (1 Reis 19.11-13)

Temos observado a ansiedade do povo por manifestações retumbantes de Deus, com milagres e atos formidáveis. As pessoas só têm depositado sua fé nas coisas visíveis, palpáveis, enfim, perceptíveis com os sentidos naturais. As pessoas não atentam para o fato de que "Deus é espírito e importa que os que o adoram, o adorem em espírito e verdade" (João 4.24). O ser humano é incrédulo por naturezas para o imaterial. O próprio Jesus vivenciou isso ao dizer: "Então, Jesus lhe disse: Se, porventura não virdes sinais e prodígios, de modo algum o crereis" (João 4.48).

Digo isso para argumentar contra a tendência de muitos líderes evangélicos, muitos deles pastores, de formatarem sua pregação baseados na oferta de milagres, curas, sucesso financeiro e demais resultados materiais, quando o que Deus realmente deseja é o nosso reconhecimento da Sua magestade. As coisas espirituais não podem se basear em alicerces materiais, mesmo que a Palavra garanta que ao buscarmos o Reino de Deus e a Sua justiça, todas as demais coisas nos serão acrescentadas.

A citação inicial desta reflexão nos traz à memória um momento importante na vida do profeta Elias, quando Deus, na calma de uma brisa, e não na retumbância de ventos fortes, terremotos e fogaréus, se dirigiu ao profeta. Recentemente, por ocasião do culto de aniversário do Coro Arthur Lakschevitz (Igreja Batista de Barão da Taquara - 19 de abril de 2009), o pastor Carlos César Peff Novaes, em sua mensagem, enfatizou a figura do "silêncio de Deus". Usou como exemplo o texto do livro de Jó destacando que, nos 37 capítulos iniciais do livro, só Elifaz, o temanita, Bildade, o suíta, Zofar, o naamatita, e Eliú, o buzita, argumentaram com Jó (Jó 2.11-37.24). Só depois disso, diz o texto, o Senhor fala a Jó de dentro de um redemoinho, sem trovões, sem terremotos, sem fortes ventanias, somente através da suavidade de um redemoinho. Nessa imagem, o pregador enfatizou a necessidade do silêncio, embora estivéssemos em um culto de aniversário de um grande e sonoro coro. O silêncio é necessário para que permitamos que o nosso espírito fale com Deus e dEle "ouçamos a sua voz".

Atualmente estamos cercados por inumeráveis apelos ruidosos, que não nos deixam raciocinar, conversar com o Criador. Nenhuma gritaria desesperada que parte de um púlpito me atrai, ao contrário, me deixa refratário. Não valorizo nenhum pregador que age dessa forma. A exposição que parte de um púlpito deve ser calma, racional, sem chantagens emocionais. É preciso que haja uma conversa entre o cérebro que está no púlpito e os cérebros dos que estão ouvindo. A palavra é clara: "Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com a mente; cantarei com o espírito, mas também cantarei com a mente" (1 Coríntios 14.14).

Se alguma retumbância chegar até mim, eu vou esperar a poeira abaixar para perceber o que a causou e o que está por trás dela. Nosso cérebro não tem somente a finalidade de preencher a nossa cavidade craneana, mas de processar dados para o corpo e o espírito.

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