segunda-feira, julho 27, 2009

Sobre a música do culto coletivo ...

... continuo a dizer que me incomoda o que está acontecendo nas igrejas evangélicas. Vejo o culto coletivo como um momento solene de ensino e proclamação. Entretanto o que testemunho é a transformação do culto em momento de puro êxtase contemplativo absolutamente pessoal. É um tal de EU quero, EU te louvo, entra no MEU coração etc. Tenho dito que as mensagens musicais do culto devem estar postas nas segunda e terceira do singular, como também nas pessoas do plural. Na primeira pessoa do singular, só admito se for um testemunho. Portanto, me recuso a cantar letras baseadas no EU, no A MIM, no ME e assemelhados. Outra coisa que julgo inadequada é o ato de se entoar muitos cânticos seguidos e com repetições de expressões (mantras). Considero que uma ordem de culto deve ser didática e kerigmática, sem atos contemplativos. Desperdiça-se muito tempo com as repetições. Nem sempre os cânticos escolhidos fecham uma sequência de argumentos que encerram um idéia central que se amálgama com o discurso do púlpito.
Me incomoda também a movimentação corporal durante os cânticos contemplativos. Alguém pode argumentar que no Antigo Testamento existem narrativas que descrevem a dança como ato cultual. Isso é verdade mas é preciso ter em mente de que a dança era prática cultural oriental para todos os eventos comemorativos. Tentar contextualizar a dança no nosso tempo é querer voltar desnecessariamente a práticas da antigüidade. Some-se a isso que o culto deve ser racional. Prendo-me ao texto da primeira epístola de Paulo aos coríntios, capítulo 14.15, quando enfatiza que a tanto a oração como o cantar devem ser tanto com o espírito como também com a mente, ou seja, com o entendimento, com o raciocínio. Para mim o culto é espiritual e racional. E o meu racional diz que não precisamos, e até não devemos, entrar em êxtase contemplativo no culto coletivo pois a finalidade básica dele é o entendimento (racionalização) da pessoa de Deus e a sua absorção espiritual. E essa absorção espiritual não significa o fechar os olhos, balançar o corpo, levantar os braços, e fazer uma cara de quem comeu e não gostou, mas de interiorizar, a partir do racional, que Deus é Espírito e que precisamos deixar a sua luz, o seu ensino, permear as nossas decisões e os nossos atos, de maneira discreta, interna, mas radical e concreta. Tudo isso para que se cumpra o que Jesus ensinou para os principais dos sacerdotes: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos (Mateus 22.34-40).